A personalidade congênita – Parte II

Quem apresentou esse termo foi André Luiz (médico espiritual), no livro “Obreiros da Vida Eterna”, psicografia de Chico Xavier, em 1947. O autor relata a posição de Dr. Barcellos, psiquiatra desencarnado, o qual afirmava que na teoria de Freud e seus seguidores ficou faltando essa definição.

Quando olhamos uma criança pequena e enxergamos toda a sua pureza, estamos vendo apenas o aspecto físico, criado nessa concepção justamente para que seus pais a recebam com todo carinho que ela necessita. No entanto, devemos reconhecer que ali encontra-se alguém que vem de longas existências, carregando em si um acúmulo de experiências, que vão se manifestar à medida que a criança vai crescendo.

No Livro dos Espíritos (coletânea de perguntas feitas ao Espíritos responsáveis pela missão de trazer informações importantes para a Humanidade), organizado por Allan Kardec, encontramos algumas explicações bem claras a respeito do tema, veja:

Questão 216 = O homem conserva, em suas novas existências, traços do caráter moral de existências anteriores?

R.: Sim, isso pode ocorrer; mas ao se melhorar, ele muda. Sua posição social pode também não ser mais a mesma. Se de senhor torna-se escravo, seus gostos serão completamente diferentes e teríeis dificuldade em reconhecê-lo. Sendo o Espírito sempre o mesmo nas diversas encarnações, suas manifestações podem ter uma ou outra semelhança, modificadas, entretanto, pelos hábitos de sua nova posição, até que um aperfeiçoamento notável venha mudar completamente seu caráter; por isso, de orgulhoso e mau, pode tornar-se humilde e bondoso, desde que se tenha arrependido.

Veja agora essa outra questão ainda sobre personalidade e caráter.

Questão 385 = De onde vem a mudança que se opera no caráter em uma determinada idade e particularmente ao sair da adolescência? É o Espírito que se modifica?

R.: É o Espírito que retoma sua natureza e se mostra como era. Vós não conheceis o segredo que escondem as crianças em sua inocência, não sabeis o que são, o que foram, o que serão e, entretanto, as amais, lhes quereis bem, como se fossem uma parte de vós mesmos, a tal ponto que o amor de uma mãe por seus filhos é considerado o maior amor que um ser possa ter por outro. De onde vem essa doce afeição, essa terna benevolência que até mesmo estranhos sentem por uma criança? Vós sabeis? Não; é isso que vou explicar.

As crianças são os seres que Deus envia em novas existências e, para não lhes impor uma severidade muito grande, lhes dá todo o toque de inocência. Mesmo para uma criança de natureza má suas faltas são cobertas com a não-consciência de sus atos. Essa inocência não é uma superioridade real sobre o que eram antes; não, é a imagem do que deveriam ser e se não o são é somente sobre elas que recai a pena. Mas, não é apenas por elas que Deus lhes dá esse aspecto, é também e principalmente por seus pais, cujo amor é necessário para sua fraqueza. Essa amor seria notoriamente enfraquecido frente a um caráter impertinente e rude, ao passo que, ao acreditar que seus filhos são bons e dóceis, lhes dão toda a afeição e os rodeiam com os mais atenciosos cuidados. Mas quando os filhos não têm mais necessidade dessa proteção, dessa assistência que lhes foi dada durante quinze ou vinte anos, seu caráter real e individual reaparece em toda sua nudez: conservam-se bons, se eram fundamentalmente bons; mas sempre sobressaem as características que estavam ocultas na primeira infância.
Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores e, quando se tem o coração puro, a explicação é fácil de ser concebida. De fato imaginai que o Espírito das crianças pode vir de um mundo em que adquiriu hábitos totalmente diferentes. como gostaríeis que vivesse entre vós esse novo ser que vem com paixões completamente diferentes das vossas, com inclinações, gostos inteiramente opostos aos vossos? Como deveria se incorporar e alinhar-se entre vós de outra forma senão por aquela que Deus quis, ou seja, pelo crivo da infância? Aí se confundem todos os pensamentos, os caracteres e as variedades de seres gerados por essa multidão de mundos nos quais crescem as criaturas. E vós mesmos, ao desencarnar, vos encontrareis numa espécie de infância entre novos irmãos; e nesse nova existência não-terrestre ignorareis os hábitos, os costumes, as relações desse mundo novo para vós; manejareis com dificuldade uma língua que não estais habituados a falar, língua mais viva do que é hoje o vosso pensamento.

A infância tem ainda outra utilidade: os Espíritos entram na vida corporal para se aperfeiçoar e melhorar; a fraqueza da idade infantil os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devem fazê-los progredir. É então que podem reformar seu caráter e reprimir suas más tendências; este é o dever que Deus confiou a seus pais, missão sagrada pela qual terão de responder. Por isso a infância não é somente útil, necessária, indispensável, mas é ainda a consequência natural das Leis que Deus estabeleceu e que regem o universo.

A personalidade congênita – Parte I

Contrariando a concepção básica da Psicologia oficial de que a nossa personalidade se forma a partir de aspectos genéticos, familiares e sociais, a Psicoterapia Reencarnacionista diz que nós já encarnamos com uma personalidade definida: a que viemos apresentando nas nossas últimas encarnações. As características individuais do nosso modo de agir e de reagir são as tendências que já trazemos latentes conosco e que, no confronto com as situações da vida terrena, passam a manifestar-se. São modos de pensar, de sentir e de expressar-se que trazemos em nossos corpos; emocional e mental, que nos caracterizam e que já nascem conosco. Nós não formamos uma personalidade, nós a revelamos. Somos um Ser de vários corpos, sendo o físico o único facilmente visível, por isso parece que apenas ele existe, mas além dele temos o corpo emocional, dos sentimentos e emoções, e o corpo mental, dos pensamentos.

Após a morte, que é apenas a do corpo físico, os corpos sutis permanecem exatamente como são e mesmo todo o estudo e trabalho de conscientização realizado no Plano Astral, no período inter-encarnações, não os podem modificar substancialmente. Ao reencarnarmos, aqui chegamos no mesmo nível de sentimentos e de pensamentos de quando saímos da última vida terrena e, portanto, cada um de nós, ao passar pelas situações atuais da vida intra-uterina e da infância, vai reagir a seu modo. Isso é facilmente observável em famílias com vários filhos, em que cada um tem a sua maneira de ser desde nenê: um é bravo, impaciente e agressivo, um outro é calmo, suave e meigo, já um terceiro é magoável, retraído e entristece-se facilmente, e assim por diante. E por que é assim? Porque tudo é uma continuação, nós somos os mesmos que desencarnaram na vida terrena passada, apenas mudamos as nossas formas físicas os nomes e os demais rótulos, mas permanecemos intrinsecamente iguais.

Essas tendências negativas revelam, por si só, o que viemos curar, ou melhorar, ao reencarnarmos. O que acontecerá serão reforços ou atenuações destas características pelas vivências atuais, intra ou extra-uterinas, e no decorrer da encarnação, ou seja, a piora, a melhora ou, às vezes, a mera manutenção do que já veio conosco ao nascermos. Esse aspecto intrínseco (o que já veio) rotulado como genético, na verdade é energético, pré-genético, ou seja, são características impressas em nossos corpos; emocional e mental.

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